Torcida do Flamengo com sinalizador aceso, promove a chamada "rua de fogo" na chegada do time ao estádio do Maracanã

Crônicas Flamengas

Na contracapa de “Crônicas Flamengas”, o escritor Ruy Castro solta um petardo e acerta na gaveta: “Ao jogar futebol com as palavras, Marcelo Dunlop bota a bola onde quer”. A definição não podia ter sido melhor. De fato, Dunlop sabe o que fazer escrevendo e escreve sabendo o que faz.

Desde 2017 atuando como cronista no site ‘República Paz & Amor’, Dunlop já tinha cerca de 70 crônicas na manga. Aproveitou a quarentena e o incentivo de amigos para fazer uma seleção dos textos e colocou cerca de metade deles no livro. E o resultado é uma leitura leve, ousada e irreverente – parece um drible do Michael.

Isso porque os textos de Marcelo Dunlop conseguem escalar rubro-negrismo raiz, malemolência carioca, alma popular e sensibilidade futebolística. Resumindo: mais do que escrever, ele descreve o que o torcedor do Flamengo sente. Mesclando atualidade e saudosismo, o autor escala personagens, referências e fatos como aqueles bons técnicos que formam um timaço misturando jovens promessas e jogadores experientes. É impossível ler as crônicas sem se identificar com elas.

O olhar apurado sobre as coisas do Mais Querido não é para qualquer um; é algo cada vez mais raro – até porque desconfio que este “apuro ótico” era cunhado no tempo que o Maraca tinha grandes arquibancadas de concreto e uma geral pulsante.

Para quem é Flamengo, gosta de verdade de futebol e curte um bom livro, “Crônicas Flamengas” vale muito o ingresso.

Capa do livro Crônicas Flamengas, de Marcelo Dunlop
Crônicas Flamengas

Por dentro do livro

Tem coisas sobre o Flamengo que só enxerga quem cresceu vendo a entrada das bandeiras das torcidas organizadas, que acompanhou treinos na Gávea ou cantou “Uhu, vamô invadir” dando aviso prévio para a torcida adversária que o latifúndio improdutivo seria tomado pela Magnética. Dunlop é uma dessas pessoas.

Por isso seu livro de estreia é um convite para o leitor rubro-negro. São 175 páginas de Flamengo em essência, a começar pela capa. A bela ilustração de Flávio Flock é inspirada na capa de uma das edições da revista Mengo 70.

As 36 crônicas publicadas não abordam apenas vitórias ou bons momentos do Mais Querido. Algumas delas destacam episódios de raiva intensa (como a eliminação para o San Lorenzo em 2017) ou de grande tristeza (como a tragédia do Ninho do Urubu). 

Ao contrário do que muitos podiam achar, isso é mais um ponto a favor de “Crônicas Flamengas”: torcedor que se preza tem que ter memória apurada na alegria e na tristeza.

O livro parece o Flamengo atual – não faltam destaques positivos. “Fora, São Judas Tadeu”, “Um cata-latas no Maracanã”, “O dia em que Zico salvou os craques da seleção” e “O Flamengo x River que ninguém viu” são alguns deles. Risadas garantidas em “Abel e o soluço do Garotinho”, onde ele escreve a narração de Flamengo x Athletico-PR do Brasileirão 2019, feita por José Carlos Araújo durante uma crise de soluço.

Em vez de perder tempo com mesa-redonda falando groselha sobre o Mengão, rubro-negro de verdade ganha muito mais lendo as páginas que Dunlop escreveu.

O Autor

Marcelo Dunlop

Marcelo Dunlop é jornalista especializado em jiu-jitsu e outros esportes de luta, atuando na área desde 2002. Em “Crônicas Flamengas”, ele reúne parte dos textos produzidos como cronista do site “República Paz & Amor”. O livro foi produzido após um bem-sucedido projeto de financiamento coletivo.

Marcelo Dunlop, autor de Crônicas Flamengas
FICHA TÉCNICA

EDITORA: Jovens Escribas

ISBN: 978-65-86722-01-7

EDIÇÃO:

ANO: 2020

FORMATO DISPONÍVEL: Impresso

Marca da editora Jovens Escribas

Imagens:

Foto da torcida do Flamengo: Marcelo Cortes / Flamengo

Livros: Divulgação

Foto de Marcelo Dunlop: Reprodução