“Zico ama o futebol desde que nasceu. A bola é, portanto, seu amor mais antigo, ao lado da família e do Flamengo. Seus irmãos mais velhos atestam que ele mal caminhava e já arriscava seus primeiros chutes.

Para viver esse amor, Zico não mediu esforços – e ainda não mede, do alto de seus 70 anos. Quando criança, jogava com meninos bem maiores do que ele, e fazia gols. Já era o primeiro a ser escolhido. Foi assim, empilhando gols em Quintino, que foi parar no clube mais querido do Brasil.

Com a camisa 10 vermelha e preta, Zico transformou um time em uma nação. Não se engane. Se hoje o Flamengo arrasta multidões por onde passa, deve isso a Arthur Antunes Coimbra. Não há rubro-negro vivo que não tenha sido impactado por Zico, seja por vivência ou por herança.

Para além do Flamengo, Zico encantou o mundo. Os depoimentos de quem o viu jogar não deixam dúvidas: era um gênio com a bola nos pés. O que é espantoso é que mesmo tendo atingido a perfeição nos campos de futebol, Zico é ainda melhor fora deles. O atleta Zico só é superado pelo ser humano Arthur.

O amor de Zico pela bola é tão arrebatador que, aos 68 anos, com problemas de locomoção e já em preparação para a cirurgia que colocou uma prótese em seu quadril direito, ele participou do seu Jogo das Estrelas. Um ano depois, de quadril novo, voltou a participar do evento. Jogou. E fez um gol.

Se Zico e a bola fossem os personagens do poema Quadrilha, de Drummond, o poeta não teria ido adiante e ninguém morreria de desastre. Zico ama a bola que ama Zico e assim são felizes desde sempre e para sempre. Os dois bem que mereciam um livro para celebrar esse amor.”

Mauricio Neves de Jesus

“A maior torcida do Brasil não é a do Flamengo.  É a do Zico. Das poucas unanimidades inteligentes do país. Não tem como não torcer por ele dentro e fora de campo. Não tem como não se encantar pelo Zico de craque, Zico de ídolo, Zico de pessoa que o Galinho de Quintino é.

Canarinho do Brasil que honrou a 10 onde jogou pelos outros 10. Onde vestiu todas as camisas em todos os campos com a mesma obstinação e talento com que jogava na várzea ou no gramado, no banco ou nos gabinetes.

Contar e mostrar fatos, fotos e feitos de Zico não cabe em um só livro. É como pedir a um coração rubro-negro que descreva a alegria, honra e glória de torcer pelo time de Zico.

Não tem jeito. Teve jogo. E, se teve Zico, teve mais do que gol. Teve futebol como um todo. Por uma nação inteira.”

Mauro Betting