125 curiosidades sobre o Flamengo (parte 5): Miscelânea
A trajetória do Mais Querido é repleta de acontecimentos que precisam ser revividos. É importante ler, reler, descobrir, relembrar. Junto com a torcida, a história é o maior patrimônio rubro-negro.
No quinto e último post da série em homenagem aos 125 anos do Flamengo, finalizamos a lista de curiosidades sobre o clube trazendo uma miscelânea com 25 fatos interessantes. Confere só!
A origem do “Mais Querido”
1927. Além do Campeonato Carioca, o ano ficou marcado por outra conquista do Flamengo: o título de clube “mais querido do Brasil”. Naquele ano, o Jornal do Brasil e a água mineral Salutaris promoveram um concurso para apontar o clube mais querido do país. Para votar, era necessário usar o cupom publicado no jornal ou usar um rótulo da garrafa de água.
Várias torcidas se mobilizaram, mas a disputa ficou mais acirrada mesmo entre rubro-negros e vascaínos.
Com grande número de jornaleiros e padeiros portugueses, o Vasco tinha um “lobby” a favor nos principais pontos de venda dos promotores do concurso e levava vantagem.
Por causa disso, os torcedores do Flamengo resolveram ‘contra-atacar’. Imitando sotaque português e usando escudos do Vasco na lapela, se posicionaram perto do jornal para receber os votos que os vascaínos entregavam. Em vez da urna, os cupons iam parar nas privadas e nos fossos dos elevadores da sede da publicação.
O resultado final, divulgado no dia 03 de janeiro de 1928, apontou o Flamengo como o “Mais Querido”. Do total de 736.282 votos, o rubro-negro teve 254.851 a seu favor. E Taça Salutaris (em destaque na foto) foi para a Gávea.
O Vasco, com 189.742 ficou em segundo, seguido pelo América e pelo Vila Isabel. O Fluminense ficou em sexto (atrás do Modesto) e o Botafogo foi o oitavo (atrás do S. Cristóvão).
Alexandre Macieira/Riotur
Reprodução/YouTube
Um distrito chamado Flamengo
O Flamengo pode se orgulhar de ser um clube verdadeiramente nacional. A paixão do tamanho de uma Nação se espalha pelo país inteiro e batiza até… um distrito! Localizado no Sertão dos Inhamuns, a 440 km de Fortaleza, está o distrito de Flamengo. A maioria dos moradores torce para o Mais Querido e a ligação local com o Mengão motivou até a produção do documentário “Aqui é Flamengo”.
Dá um Google aí…
Tanta popularidade se reflete também na internet. Desde 2013, o Flamengo é o líder no Brasil em interesses de buscas feitas no Google.
“O Flamengo não pode perder”
No dia 29 de junho de 1969, o juiz Eliezer Rosa enviou uma carta ao jurista João Antero de Carvalho propondo a criação de uma lei que obrigasse o Flamengo a vencer sempre. O texto de Rosa, torcedor do América, foi publicado no jornal “O Dia”:
“Ouça bem, meu caro Antero: o Flamengo não é somente um clube, uma agremiação esportiva. O Flamengo é uma seita, um credo, com sua bíblia e seus profetas maiores e menores. O Flamengo é um amor, uma devoção, uma eterna comunhão de sentimentos. Por ele muitos deram a vida, alienaram a liberdade, destruíram amizades, arruinaram lares, com homicídios e suicídios.
O Flamengo, o flamenguismo, para ser mais exato, é uma cardiopatia. O Flamengo dá febre, dá meningite, dá cirrose hepática, dá neurose, dá exaltação de vida e de morte. O Flamengo é uma alucinação. Deveria ser feita uma Lei Federal que obrigasse o Flamengo a jogar em todo o Brasil, toda semana, e ganhar sempre. Quando o Flamengo vence, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se corroboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz e feliz.
O Flamengo não pode perder, não deve perder. Sua derrota frustra, entristece, humilha e abate. A saúde pública, a higiene nacional exigem que o Flamengo vença, para bem de todos, para felicidade geral, para o bem-estar nacional.
Aqui vai um anteprojeto de lei:
Lei nº… Dispõe sobre normas de saúde pública.
Art. 1º – O Flamengo jogará semanalmente em todos os estados da federação
Art. 2º – O Flamengo vencerá todas as partidas.
Art 3º – Revogam-se as disposições em contrário.
Saiba que esta é uma lei necessária. Deverá vir o quanto antes. Algum dia, poderá ser revogada em favor do América. O importante é o precedente legislativo”.
Não sei vocês, mas eu acompanho o relator rsrs 😉
Técnico e presidente
Além de diretor geral de esportes, Hilton Santos também foi técnico do Flamengo em 1938. Anos mais tarde, ele chegou também à presidência, comandando o clube em 1945-46 e 1957-60. Hilton Santos foi o responsável pela aquisição do terreno da antiga sede do Morro da Viúva, cujo prédio foi batizado por Márcio Braga em sua homenagem.
Alexandre Vidal/Flamengo
Primeira vez com calção preto
No dia 25 de novembro de 1955, o Flamengo sofreu uma grande perda. Nesta data, faleceu o presidente Gilberto Cardoso, vítima de um infarto. Ele não aguentou a emoção Guguta ter feito a cesta da vitória no último segundo sobre o Sírio Libanês, numa das partidas da série final do Carioca de basquete daquele.
A morte do dirigente chocou o clube e o Rio de Janeiro como um todo. Para marcar o luto e homenagear o presidente, o Flamengo usou calções pretos pela primeira vez na partida contra o Canto do Rio, realizada em 30 de novembro. Sob forte emoção do time e da torcida, o Fla venceu a partida por 5 a 2. Meses depois, a conquista do tricampeonato carioca foi dedicada a Gilberto Cardoso.
Manto Sagrado só tem um
Em 1953, o filme “O Manto Sagrado” (capa ao lado) fez muito sucesso ao narrar a lenda sobre a túnica que cobriu Cristo na crucificação. O título inspirou o jornalista Otelo Caçador a usar a expressão “manto sagrado” para denominar a camisa rubro-negra. E o termo emplacou. Hoje em dia, a expressão é utilizada por diversos clubes para se referir à própria camisa.
Mas o apelido foi criado como referência à camisa do Flamengo e mais nenhuma outra. Então, não se deixe enganar: o Manto Sagrado original é só um. O resto é imitação.
Reprodução
Reprodução
Mantos extraviados na final da Liberta de 81
Falando em imitação, você sabia que o Flamengo jogou a partida que decidiu o título da Libertadores de 1981 com um conjunto de Mantos improvisado?
Depois do segundo jogo da final, no Chile, o Flamengo foi direto para Montevidéu (URU). Na viagem, parte da bagagem extraviou e junto com ela, os uniformes produzidos pela Adidas e que seriam usados na partida. O Mengão entrou em campo com um jogo de camisas “não-oficiais” fabricado pela Dória. E conquistou o título.
Camisa eterna
Aliás, quando falamos da camisa do Flamengo, é bom lembrar a bela homenagem ao Manto Sagrado prestada pela Olympikus. Fornecedora do clube entre 2009 e 2013, a empresa quis marcar o fim da parceria com o Flamengo de forma emblemática. Para isso, criou a “camisa eterna”.
O modelo, que reproduzia a camisa do hexacampeonato brasileiro, utilizava materiais como o nomax e o kevlar, usados na produção de coletes à prova de balas. A “camisa eterna” suportou testes de resistência e foi submetida a altas e baixas temperaturas sem estragar.
No vídeo promocional (abaixo), a frase de abertura não deixava dúvidas: “Um contrato esportivo termina. Mas o amor não tem fim. Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”. A “camisa eterna” está exposta no Museu do Flamengo.
Outra homenagem à camisa do Fla
A gente já viu clubes homenageando camisas de algumas Seleções. Mas e Seleção homenageando um clube? Pois foi isso que a Seleção da Alemanha fez, ao definir o uniforme dois que fazia parte do kit utilizado para a Copa de 2014.
A camisa rubro-negra com listras horizontais foi anunciada como uma “referência ao popular clube Flamengo, do Rio de Janeiro, para trazer sorte na Copa do Mundo de 2014”.
Produzida pela Adidas, também fornecedora do Mengão, a camisa foi um sucesso de vendas e trouxe sorte aos alemães, que levantaram a taça. E a camisa rubro-negra foi usada no resultado mais expressivo da campanha do título: a goleada de 7 a 1 sobre a Seleção Brasileira.
Aquele abraço…
No dia 22 de novembro de 2019, o Cristo “vestiu” o Manto Sagrado. De braços abertos, lá do Corcovado, ele abençoou o Rio de Janeiro e a torcida na véspera da histórica final da Libertadores contra o River Plate.
A ação foi iniciativa da Adidas, que utilizou um jogo de luzes para refletir o uniforme do Flamengo na estátua. Além disso, foi realizada também uma missa na capela que fica no pé do Cristo Redentor.
Divulgação
O sagrado I
Um clube que desperta tamanha devoção transcende os limites do sagrado também. Já falamos aqui da estreita relação entre o Flamengo e São Judas Tadeu, iniciada pelo lendário Padre Góes. Ele era tão próximo do rubro-negro, que chegou a chefiar uma delegação de aspirantes que realizou amistosos em Formiga (MG) em 1959.
O sagrado II
E essa ligação com a religião não fica restrita ao catolicismo não. Nos anos 60, a marcha “Exu é Flamengo” foi gravada por Gracinda Miranda. A música foi composta pela médium Cacilda de Assis, que ficou famosa por incorporar a entidade chamada “Seu Sete Encruzilhadas Rei da Lira”. Além dos tradicionais pontos, S. Sete da Lira usava também a música popular nos rituais que fazia e dizia torcer pelo Fla por causa das cores.
Reprodução/YouTube
E o profano I
O Flamengo também tem presença relevante no Carnaval. Além de ser citado em diversos sambas, o Mais Querido já foi enredo em três escolas. Em 1974, foi homenageado pela Arrastão de Cascadura com “Flamengo, glória de um povo”. Em 1990, foi a vez da escola Difícil é o Nome exaltar o Fla com o enredo “Tua glória é lutar, Flamengo, Flamengo”. E em 1995, a Estácio de Sá homenageou o clube em seu centenário. Se tivermos mesmo Carnaval em 2021, a escola vermelha e branca já decidiu reeditar o enredo sobre o “Mais Querido”.O profano II
O Mengão também protagonizava um em evento que fazia parte do calendário do Carnaval carioca. Criado em 1977 por Marilene Dabus (na foto com R. Gaúcho em uma edição do evento), durante a primeira gestão de Márcio Braga, o “Baile do Vermelho e Preto” ficou famoso por reunir torcedores – anônimos e famosos. Teve seu auge em meados dos anos 80, quando era realizado no Scala (famosa casa de shows de muito sucesso no Rio de Janeiro e já extinta).
Por falar em fé…
O Flamengo já disputou uma partida de pólo-aquático com um goleiro que não sabia nadar. Paulo Magalhães, autor do hino oficial do clube, estava jogando tênis na sede do Fluminense quando foi “convocado” por dois atletas de pólo-aquático do Mais Querido para completar a equipe. Um jogador havia faltado na última hora e eles não podiam jogar com um a menos.
Depois de muito relutar, Magalhães aceitou e escolheu jogar no gol. O adversário era fraco e no fim do primeiro tempo, o goleiro improvisado não fez nenhuma defesa. Mas era preciso trocar de lado na piscina e nada do quebra-galho largar a baliza. Avisado por outros jogadores para deixar de brincadeiras e parar de irritar o juiz, o goleiro confessou: “Não estou irritando o juiz. Eu apenas não sei nadar… Desde que o jogo começou, estou agarrado à baliza, não repararam?”
Maior vencedor do Maracanã
O Maraca é nosso e há sete décadas é um lugar onde a Magnética se sente em casa. Além de ter o maior artilheiro e vários recordes de público do estádio, o Flamengo é também o recordista absoluto de conquistas no Maracanã.
Ao todo, o Mengão conquistou 33 títulos por lá. Na sequência, temos Fluminense (19 títulos), Vasco (18) e Botafogo (15). Já a Seleção Brasileira já deu quatro voltas olímpicas
Alexandre Vidal/Flamengo
Sempre amado, o mais “cantado”
O trocadilho com o verso do hino popular do Flamengo é só para reforçar uma constatação: o Flamengo é o clube mais cantado do país e do mundo. Segundo Beto Xavier, autor da obra “Futebol no País da Música”, há mais de 150 gravações relacionadas ao Mengão.
Shows na Gávea
Já que o assunto é música, vale lembrar que o Estádio José Bastos Padilha, também conhecido como Estádio da Gávea, foi palco de vários shows, principalmente nos anos 90. Por lá se apresentaram Julio Iglesias (1982), Tim Maia (1994), James Taylor & Sting (1994), INXS (1994), Roberto Carlos (1994), Elton John (1995), Marilyn Manson (1996) e Sepultura & Metallica (1999).
Mengão no teatro
Em 2015, o Flamengo teve sua história contada em uma peça teatral pela primeira vez. O espetáculo “Flamengo, histórias do rubro-negro no teatro”, de Edvard Passos, foi idealizada por ocasião dos 120 anos do clube e retratava momentos históricos desde a fundação. Ela também ficou em cartaz em outubro de 2018, no Teatro Municipal Gonzaguinha, no Centro do Rio.
Arte também nas arquibancadas
Mas o grande palco do Flamengo é o Maraca. Lá, a Magnética produz espetáculos de primeira linha, para ninguém botar defeito. Um bom exemplo disso foi a partida contra o Goiás, realizada em 22 de novembro de 2009. Nesta data, a torcida montou um dos maiores mosaicos do mundo, em uma ação patrocinada pela Olympikus (fornecedora de uniformes do clube na época) e com a participação de pelo menos seis torcidas organizadas. A frase “A maior torcida do mundo faz a diferença” foi formada por milhares de rubro-negros, formando uma imagem marcante.
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Flamengo quase teve sua própria moeda
Toda nação tem sua própria moeda. No caso da Nação Rubro-Negra, isso também quase aconteceu. Em 1989, o clube chegou a pensar em adotar a “rublo-negra” (adaptação bem-humorada do rublo, moeda soviética). O dinheiro flamenguista seria usado nas transações realizadas nas dependências da sede da Gávea.
A ideia fazia parte das propostas que previam a adequação do estatuto do clube ao item I, do artigo 217, seção III da Constituição de 1988, que previa a “autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações quanto à sua organização e funcionamento”.
FlAraçatuba!
Em novembro de 1997, o então presidente do Flamengo, Kleber Leite, e Eduardo Vianna, presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, estavam em pé de guerra. E o dirigente rubro-negro ameaçou levar o Mengão para Araçatuba e disputar o Campeonato Paulista.
O argumento era que o Campeonato Carioca era deficitário e a FERJ não implementava mudanças para melhorar o formato da disputa, nem a arrecadação. Chegou até a rolar reunião com Eduardo José Farah, o presidente da Federação Paulista de Futebol na época, além de dirigentes do Araçatuba e políticos da cidade do interior paulista. A ideia mirabolante, é claro, não vingou.
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Flamengo até correr 😉
Na Stock Car…
Em agosto de 2020, a famosa “Corrida do Milhão”, da Stock Car, teve um carro em homenagem ao Flamengo. O veículo, presente no grid da mais importante prova do automobilismo nacional, foi uma homenagem do Banco BRB, atual patrocinador master do clube.
O brasiliense Pedro Cardoso foi o piloto na prova realizada em Interlagos.
E na Fórmula Superleague
Em 2008, uma nova categoria do automobilismo foi criada para aliar a paixão do futebol às pistas: a Fórmula Superleague. O Flamengo foi um dos clubes convidados a fazer parte da empreitada, junto com Corinthians, Milan, Roma, Liverpool, Porto, PSV e outros dez grandes clubes do futebol mundial.
Apesar da boa ideia, a Fórmula Superleague não durou muito e foi encerrada em 2011.