Zico X Maradona: quem foi melhor? Leia entrevista com o autor de livro que buscou essa resposta
Foto: Arquivo Maurício Neves/Reprodução do site GE
Gênios.Ídolos.Camisas dez como não se faz mais.Há muitos adjetivos que podem ser usados para descrever Zico e Maradona e nenhum deles passa pelo comum. Afinal, Arthur Antunes Coimbra e Diego Armando Maradona são craques indiscutíveis da história do futebol – e quem discute isso com certeza não sabe nada do esporte mais popular do planeta. No entanto, muita gente se pergunta: Zico X Maradona, quem foi o melhor?
Pois o rubro-negro João Luiz Silva buscou a resposta e colocou no livro “Zico X Maradona”. João, que também é autor da obra “Flamengo – Uma história divina”, bateu um papo com a Estante Rubro-Negra e contou um pouco mais da publicação sobre esses dois artistas da bola.
Entrevista | João Luiz Silva, autor de “Zico X Maradona”
ERN: Como surgiu a ideia de fazer o livro, comparando estes dois gênios do futebol mundial?
JLS: Em primeiro lugar quero agradecer pela oportunidade. É uma honra poder falar do meu livro num espaço dedicado à literatura rubro-negra.
Quanto à ideia, surgiu porque eu, que sou rubro-negro fanático, e consequentemente tenho o Zico como ídolo maior, sempre fiquei incomodado com a certeza de todos, inclusive aqui no Brasil, de que o Maradona estava muito acima do Galinho, sendo comparável, para muitos, até ao Pelé. Quem viveu a época sabe que a história foi um pouco diferente, pelo menos até a Copa de 86.
ERN: Você acompanhou as duas carreiras? Chegou a ver os dois atuando?
JLS: Sim. Ótimo você perguntar isso, pois complementa, de certa forma, a pergunta anterior. Como disse, quem acompanhou as duas carreiras, sabe que a comparação entre os dois, pelo menos até 86, era muito comum. Aliás cito alguns exemplos disso no livro.
Eu nasci em 1967, logo acompanhei muito bem a carreira de ambos. Um exemplo são os confrontos diretos entre ambos, outra situação que abordo no livro. Foram seis – adivinhem quem não perdeu nenhum? Assisti ao vivo (pela TV) cinco deles. E do outro, assisti os melhores momentos e li várias reportagens da época.
Além disso, acompanhei de muito perto, mesmo que numa época pré-internet, toda a carreira dos dois craques, claro que com mais detalhes a do Galinho, por motivos óbvios. E assim, posso dizer que ambos, algumas vezes acompanhados de Platini ou Rummenigge, eram apontados como os melhores do mundo.
E quando isso mudou? Quando a Argentina ganhou a Copa do México, em 86. Aí vem o grande questionamento do livro: é justo a vitória em um só campeonato (por maior que seja, como é o caso da Copa) ser suficiente para determinar quem foi melhor em uma carreira de anos, talvez de décadas? Bom, minha opinião e meus argumentos estão no livro.
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ERN: Como foi a pesquisa para o livro? Quais as principais fontes que você utilizou?
JLS: Ah, foi bem extensa. Além do fato de ter acompanhado de perto ambas as carreiras, como cito nas perguntas acima, tenho uma bibliografia razoável de livros ligados ao Flamengo. Do Zico, em particular, acho que são dez. Além disso, li muitas revistas Placar da época, aliado a livros sobre o futebol argentino e outros sobre Copas do Mundo, como, por exemplo, a colossal coleção lançada pelo Max Gehringer. Vi também os DVDs lançados pela revista Placar, tanto o do Zico como o do Maradona.
Para completar, pesquisei em diversos sites na internet, além de outras revistas, como Corner e Veja. Todas as informações foram checadas em pelo menos duas fontes (a não ser, obviamente, citações de livros).
Toda a bibliografia e sites utilizados constam no livro. Recomendo a todos que pesquisem, e verão que, como quase sempre, só vale a história contada pelos vencedores. O que não quer dizer que seja a verdade absoluta.
ERN: Muitos usam o fato de não ter conquistado uma Copa para diminuir a importância de Zico. Como disse Fernando Calazans uma vez: “Se Zico não conquistou uma Copa, problema da Copa”. Fale um pouquinho do que é o Zico para você.
JLS: Essa frase do Calazans é perfeita. É isso mesmo: azar da Copa. Azar da Copa que não tem entre seus vencedores um jogador, e uma pessoa, como o Zico. O Zico é o grande ídolo de todos nós rubro-negros. Não podia ser diferente por tudo que ele fez pelo Flamengo.
Mas o que me espanta mesmo é o respeito que ele desperta nos torcedores dos outros times. Isso só prova que, além de um gênio no futebol, é uma pessoa de um caráter fantástico. Para mim, particularmente, é o ídolo maior.
O que lembro, quando assistia aos jogos do Flamengo na época, era que torcia para quem quer que estivesse com a bola que passasse para o Zico. Era uma garantia de que, enquanto ele estivesse com a bola, nós não a perderíamos. E olhe que em alguns anos (particularmente em 81) o time só tinha craques. E posso dizer, sem medo de errar, que em quase 15 anos acompanhando o Galo, ele raríssimas vezes perdeu a bola.
Reprodução / Museu da Pelada
ERN: Alguns apontam Messi como o “maior de todos os tempos”; gosto dele, mas não concordo. Para você, ele ou algum outro jogador da atualidade se aproxima de Zico/Maradona ou até de Pelé?
JLS: Melhor de todos os tempos para mim é o Pelé. Não tem discussão. Falo isso no livro também. Mas se tem alguém que acho que chegou no nível de Zico e/ou Maradona, ou pelo menos muito próximo, é o Messi. Mas faço uma ressalva: Messi sempre jogou em times que eram verdadeiras seleções do mundo. Vamos convir que isso facilita muito.
Embora a primeira lembrança, quando falamos do Zico, seja o Flamengo de 81 ou a Seleção de 82, o Zico jogou em algumas equipes bem inferiores. O Flamengo de 75 a 77, embora fosse um bom time, ainda estava em formação. Conta-se muito, inclusive, a história de que se o Flamengo não fosse campeão em 78, com o famoso gol de Rondinelli, o time corria o risco de ser desmanchado.
Depois, quando o Galinho voltou da Udinese (que também era um time médio), o time do Flamengo também não era tão forte, sendo inclusive eliminado no Brasileiro de 85 em um grupo com Bahia, Ceará e Brasil de Pelotas (que foi o classificado). Não quero desmerecer nenhum desses adversários, mas isso prova que o Flamengo não era exatamente um esquadrão. Só voltou a montar um grande time quando foi Campeão Brasileiro de 87 (Campeão Brasileiro sim!). Para em seguida, ser desmanchado novamente.
De Maradona podemos dizer a mesma coisa. Nem o Boca, nem o Barcelona eram seleções. Ironicamente discordo quando dizem que o Nápoli era um time fraco. Podia também não ser uma seleção, mas era um time forte, o que, aliás, é mais um assunto que abordo no livro.
Abordo também a questão de que nenhum jogador ganha um título sozinho. Mas convenhamos que jogar num time muito forte ajuda muito. E nesse quesito temos que admitir que Messi sempre teve vantagem.
ERN: Para fechar: acha possível sonharmos com um “novo” Zico? Que algum jogador do patamar e da relevância dele surja no Flamengo?
JLS: Não. Acho impossível. Primeiro porque seria muito difícil surgir outro Zico. Isso acontece muito raramente. Mas digamos que surja. Quanto tempo ele conseguiria permanecer no Flamengo?
Zico foi para a Itália com 30 anos. E ainda voltou dois anos depois. Hoje, com o dinheiro movimentado no futebol, particularmente na Europa, um jogador do mesmo nível do Zico, seria assediado de forma intensa. E por mais que o Flamengo esteja hoje estruturado e bem financeiramente, não há como resistir a uma proposta de milhões de euros.
Além disso, ainda tem a vontade do jogador, que hoje sonha muito mais com a Europa do que no tempo do Zico. Assim, por mais que surgisse um craque do mesmo patamar do Zico (o que acho dificílimo, para não dizer impossível), ele não teria a mesma carreira no Flamengo.
Embora todo rubro-negro que se preze saiba exatamente a resposta da pergunta “Zico X Maradona: quem foi o melhor”, vale a pena comprar a obra e conferir a pesquisa feita pelo autor! Veja abaixo como adquirir a sua!
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Como mencionamos acima, João é autor de dois livros sobre o Flamengo (porque falar de Zico é falar do Mengão), lançados de forma independente. As duas obras estão disponíveis na Amazon. Veja mais detalhes sobre elas e garanta seus exemplares:
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