Flamengo 125 anos
O Flamengo faz 125 anos. Um século e um quarto desde que alguns rapazes se reuniram para fundar um grupo de regatas e acabaram criando uma Nação. A razão da existência desse blog, a emoção que move quem o escreve.
Para comemorar, a Estante Rubro-Negra desceu vários livros e revistas da prateleira e fez muita pesquisa para levantar 125 curiosidades sobre o Clube mais Querido do Brasil e do Mundo.
Alguns fatos são mais difundidos, outros, nem tanto. São pequenos recortes de uma história magnífica, de raça, amor e paixão. E reviver um pouquinho cada um deles é o nosso jeito de dizer: “parabéns”, “te amo”, “onde estiver, estarei”.
Serão cinco posts, cada um trazendo 25 curiosidades sobre o Mengão. Começa no dia 15 de novembro, o aniversário do clube. Termina no dia 13 de dezembro, aniversário do mundial “que o Zico foi buscar”.
Queria te dar o mundo de novo, Flamengo. Hoje, sempre. Mas que bom que deram você ao mundo. É muito bom caminhar sob a tua bandeira, vestir suas cores e fazer parte da sua torcida.
125 curiosidades sobre o Flamengo (parte 1): origens e fatos históricos
Flamengo: o fim quase veio antes do começo
Antes de ser fundado, o Flamengo já tinha patrimônio: a baleeira Pherusa. O barco foi comprado numa “vaquinha” feita por um grupo de amigos. A praia e os esportes náuticos eram um dos poucos passatempos da juventude em 1895.
Os amigos se dirigiram a Ramos para pegar o barco. A ideia, obviamente, era voltar ao bairro do Flamengo na embarcação.
Pherusa ao mar, vela içada. O passeio ia bem, até que o ventou cessou. Antes de pensarem em utilizar os remos, o tempo virou mais rápido que o Fla na final da Libertadores de 2019.
O temporal chegou, o mastro quebrou e o mar estava muito agitado. Tudo parecia perdido até que um dos tripulantes, conhecido como Baiano e exímio nadador, mergulhou nas águas para buscar socorro a nado.
Horas depois, Baiano chegou à praia do Caju e conseguiu socorro de uma lancha de nome “Leal”. A Pherusa foi rebocada e levada para o cais “Pharoux”, sob responsabilidade da polícia marítima.
O episódio ocorreu em outubro. No mês seguinte, os amigos se juntaram novamente. Dessa vez, para fundar o Flamengo.
Os fundadores do Flamengo
O Flamengo foi fundado por um grupo de rapazes, no térreo do casarão localizado na Praia do Flamengo, 22.
O grupo era formado por Nestor de Barros, José Agostinho Pereira da Cunha, Mário Espínola, Napoleão Coelho de Oliveira, Francisco Lucci Collás, Felisberto Cardoso Laport, José Maria Leitão da Cunha, Carlos Sardinha, Eduardo Sardinha, Desidério Guimarães, George Leuzinger, Emygdio Pereira, José Félix da Cunha Menezes e Domingos Marques de Azevedo (foto).
Além dos 14 presentes, mais quatro assinaram a ata de fundação: Augusto Lopes da Silveira, José Augusto Chalréo, Maurício Rodrigues Pereira e João de Almeida Lustosa.
Flamengo “adaptou” a data da fundação
O dia da reunião foi 17 de novembro de 1895. Mas os presentes decidiram que era melhor considerar a data de 15 de novembro de 1895 por ser feriado nacional. Assim, seria mais fácil realizar as comemorações futuras.
Grupo primeiro; Clube depois
O nome original do clube era Grupo de Regatas do Flamengo. Só passou a ser Clube de Regatas do Flamengo em 1902, em Assembleia realizada no dia 28 de outubro. A mudança foi feita após ter sido proposta por Mário Pederneiras.
Por que Flamengo?
O nome Flamengo é alusivo aos navegadores holandeses que, no século XVII, estiveram na Zona Sul do Rio de Janeiro. Eles viviam na região de Flandres, que englobava a Bélgica, a Holanda e parte da França e eram conhecidos como flamandes, flamengos.
O clube foi batizado como “Flamengo” por ser o bairro onde ficava a sede na fundação.
As cores do clube
O Flamengo sempre teve duas cores. A princípio, elas eram o azul (representando as águas da Baía de Guanabara) e o ouro (representando as riquezas e glórias).
Mas a combinação aurianil desbotava facilmente com o Sol e o sal das provas de remo realizadas nas praias cariocas.
Dessa forma, as cores do clube foram trocadas para vermelho e preto em 1896. O vermelho era a cor das penas dos flamingos – ave muito comum na Praia do Flamengo naquela época. E o preto… Ah, o preto foi escolhido porque combinava bem mesmo.
O primeiro presidente
O primeiro presidente do Flamengo foi Domingos Marques de Azevedo, que foi à reunião de fundação do clube apenas como “curioso”, acompanhando alguns vizinhos de bairro.
Marques de Azevedo foi escolhido presidente por “passar autoridade”, já que era integrante da Marinha há cinco anos na ocasião. Também era considerado sério e organizado.
Ele faleceu em 1921, vitimado por um AVC quando tinha apenas 47 anos.
Barcos do clube e a homenagem aos índios
As primeiras embarcações do Flamengo foram batizadas com nomes da mitologia greco-romana.
Mas a partir de 1896, o clube decidiu que todos os barcos de sua frota passariam a homenagear os índios. A determinação se encontra presente até hoje, no artigo 160 do Estatuto do Flamengo, que diz:
“Art. 160. Os barcos adquiridos ou construídos pelo FLAMENGO só poderão ter nomes indígenas”.
A medida tinha objetivo de exaltar as raízes brasileiras e a identidade nacional do clube.
Primeira vitória no remo
A primeira vitória do Flamengo no remo aconteceu no dia 5 de julho de 1898.
Nesta data, a baleeira Irerê conquistou o Campeonato Náutico do Brasil.
Embora fosse uma competição não-oficial, a conquista teve relevância na época e o remo começava a pavimentar a popularidade rubro-negra, já que eram comuns os festejos de “pequenas multidões” flamenguistas após as regatas cariocas.
O futebol chega ao Flamengo
Era o ano de 1911. Nos bairros do Flamengo e das Laranjeiras, dois clubes compartilhavam a simpatia da vizinhança. Nas regatas, a galera torcia para o Flamengo; nos jogos de futebol, para o Fluminense.
A política da boa vizinhança predominava entre os clubes; era comum que algumas pessoas se associassem a ambos. Virgílio Leite de Oliveira, então presidente do Flamengo, era, inclusive, um dos sócios-fundadores do Fluminense.
O tricolor tinha o melhor time da cidade e fazia uma campanha notável em campo. Fora dele, havia um cargo vago na diretoria. Alberto Borgerth (foto), líder e capitão do time de futebol, almejava o posto.
O desempenho em campo não fazia de Borgerth uma unanimidade no clube. Ao contrário. Adversários políticos que não o queriam como um dos diretores do tricolor passaram até a sabotar as escalações do jogador no time.
Borgerth se sentia desvalorizado no Fluminense. E compartilhava isso com os companheiros de equipe. Em setembro de 1911, os jogadores se reuniram numa espécie de assembleia.
Naquela noite, tomaram uma decisão: quando o campeonato acabasse, o grupo inteiro deixaria o futebol do Fluminense. O passo que não foi decidido naquele momento foi para onde o time iria.
Várias ideias surgiram, inclusive a criação de um clube de futebol chamado “São Paulo Futebol Clube”, visando atrair estudantes de Medicina que chegavam no Rio de Janeiro para fazer faculdade.
Nada foi resolvido até uma nova reunião realizada em 08 de novembro de 1911, após o fim do campeonato, conquistado pelo próprio Fluminense.
Neste dia, Alberto Borgerth apresentou uma sugestão que entusiasmou a todos: “Vamos instituir o futebol no Grupo de Regatas do Flamengo”.
Virgílio Leite, figura em comum nos dois clubes, cria uma comissão rubro-negra para estudar o assunto. Se a ideia fosse levada adiante, seria necessário mudar o estatuto do clube.
No dia 04 de dezembro de 1911, o Flamengo aprova a criação do seu Departamento de Desportos Terrestres e convida Alberto Borgerth para dirigi-lo.
O futebol chegava, enfim, ao Flamengo. E nada seria como antes…
Seja (diferente) na terra, seja no mar
A vida do Flamengo – aliás, assim como a vida em geral – começou no mar. O remo era, portanto, o coração do clube até então. Além disso, era o esporte mais popular na época, já que o futebol começava a despontar no Brasil.
Não por acaso, quando foi fundada a divisão terrestre do clube, a prática do futebol era vista como uma atividade menor. E por isso mesmo, os remadores do clube não admitiam que os boleiros usassem o mesmo escudo e a mesma camisa que eles.
Ter futebol no clube? Vá lá… Mas que fosse “diferente”. Dessa forma, foi criado um escudo para o futebol. E em vez da camisa listrada rubro-negra já usada pelos remadores, o time de futebol adotou uma camisa quadriculada, com quatro retângulos em vermelho e preto.
A camisa foi apelidada de “papagaio de vintém” – por parecer com as pipas que eram empinadas e custavam esse valor.
Apesar de ser considerada “azarada”, a camisa foi relançada posteriormente por três fornecedoras de uniforme do clube. Em 1995, pela Umbro (em comemoração ao centenário do Flamengo); em 2012, pela Olympikus (em comemoração ao centenário de fundação da divisão de futebol do clube); em 2015, pela Adidas (em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro).
primeira vitória no futebol
O Flamengo estreou no futebol com o pé direito. A primeira partida do clube aconteceu no dia 03 de maio de 1912, quando o Mengão enfrentou o Sport Clube Mangueira.
O rubro-negro venceu por 15 a 2. Gustavo de Carvalho marcou o primeiro gol da história do clube. Além desse gol, ele marcou outros quatro no jogo. Arnaldo e Amarante marcaram quatro gols cada. Borgerth e Galo completaram o placar.
A partida foi disputada no campo do América Football Club, situado na Rua Campos Sales, no bairro da Tijuca.
A tradicional sede americana fechou em 2014 e foi demolida em 2020 para dar lugar a um shopping. Ao que tudo indica, a nova sede do clube fará parte do empreendimento e será construída no cobertura.
Fla muda o uniforme… E o primeiro título chega
Como mencionamos acima, a camisa conhecida como “papagaio de vintém” não era considerada muito sortuda.
Por isso, em 1914, o Flamengo adotou um outro modelo, já listrada nas cores vermelha e preta. Para evitar que fosse igual à camisa utilizada pela equipe de remo, as listras rubro-negras eram intercaladas com listras um pouco mais finas na cor branca.
Por essa razão, o uniforme passou a ser conhecido como “cobra-coral”. E não teve Butantã que produzisse soro suficiente para impedir o primeiro título do time.
De camisa nova, o Flamengo levantou seu primeiro título de muitos outros no futebol. Curiosamente, o título no futebol veio antes do primeiro título no remo, que só conquistou seu primeiro campeonato carioca em 1916.
Com a 1ª Guerra, remo e futebol passam a ter a mesma camisa
A 1ª Guerra Mundial se estendeu de 1914 a 1918. Foi o primeiro conflito a envolver países de cinco continentes, deixando mais de dez milhões de mortos e cerca de vinte milhões de feridos.
A Alemanha, que integrava a Tríplice Aliança e encabeçava a guerra, tinha uma bandeira (ao lado) bem parecida com a camisa “cobra-coral” do Flamengo.
A semelhança não era bem aceita por uma parcela da população. Assim, em 1916, o remo e o futebol finalmente passam a usar a mesma camisa.
Camisa igual, escudos distintos
Mesmo com a camisa igual, o remo e o futebol mantiveram os escudos distintos até os dias de hoje.
O escudo do remo é do tipo francês, dividido em duas metades iguais. A parte superior é na cor vermelha e a inferior, na cor preta. Ao centro, há uma âncora e dois remos cruzados em diagonal na cor branca, além das iniciais CRF na mesma cor.
Já o escudo do futebol é do tipo português clássico, com oito listras horizontais alternando o preto e o vermelho. No canto superior esquerdo, as iniciais são entrelaçadas e aparecem na cor branca.
Em 2018, o designer Fabio Lopez liderou o projeto de redesign da identidade visual do Flamengo. Os símbolos rubro-negros foram modernizados, com leve reformulação dos traços.
Primeiro jogador estrangeiro do Flamengo
O inglês Sidney Pullen foi o primeiro jogador estrangeiro da história do futebol do Flamengo.
Pullen era filho de mãe brasileira e de Edgard Pullen, que foi cônsul britânico no Rio de Janeiro.
Pullen vestiu a camisa rubro-negra por uma década, sendo campeão carioca em 1915, 1920, 1921 e 1925.
Ele chegou a interromper a carreira como jogador para atender uma convocação das tropas britânicas que lutaram na 1ª Guerra Mundial.
Presidentes estrangeiros do Mengão
O Flamengo também teve presidentes de outras nacionalidades. O primeiro foi o inglês Arthur John Lawrence Gibbons, que presidiu o clube em 1904.
Dois anos depois, foi a vez de outro inglês, Francis Henry Walter, chegar ao mais alto posto do clube.
Em 1930, o português Manoel Joaquim de Almeida tornou-se o nosso 3º presidente estrangeiro e entre 1937 e 1938, o conterrâneo Raul Augusto Dias Gonçalves também chegou à presidência.
E George Helal, presidente entre 1983 e 1986, nasceu em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
“Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”
Em 1929, o Flamengo tinha várias equipes infantis e juvenis que faziam sucesso nos campos. Em um dia de partidas no antigo estádio do clube, na Rua Paissandu, as crianças foram perfiladas para fazer um juramento simbólico ao rubro-negro.
Júlio Silva, atleta laureado, conselheiro do clube e responsável pela seção de aspirantes do Fla, lançou o lema: “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”.
A frase foi adotada como lema rubro-negro e o Estatuto determina a impressão dela em todos os documentos oficiais do clube.
Dois hinos: o oficial e o popular
Além de ter dois escudos, pode-se dizer que o Flamengo também tem dois hinos: o oficial e o popular, muito mais conhecido e cantado pelos torcedores.
O Oficial
O hino oficial é de autoria de Paulo Magalhães. Sob regência do próprio autor, a música foi cantada por atletas do clube pela primeira vez, em 15 de novembro de 1920. Em 21 de abril de 1921, foi feita uma assembleia, onde houve a oficialização do hino cuja letra é:
Flamengo! Flamengo!
Tua glória é lutar.
Flamengo! Flamengo!
Campeão de terra e mar!
Saudemos, pois, com muito ardor,
O pavilhão do nosso amor,
Preto e encarnado, idolatrado,
Dos mil campeões, o vencedor!
Flamengo! Flamengo!
Tua glória é lutar.
Flamengo! Flamengo! bis
Campeão de terra e mar!
Lutemos sempre com valor infindo,
Ardentemente, com denodo e fé,
Que o seu futuro ainda será mais lindo,
Que o seu presente que tão lindo é!
Flamengo! Flamengo!
Tua glória é lutar.
Flamengo! Flamengo! bis
Campeão de terra e mar!
O popular
Anos mais tarde, o compositor Lamartine Babo (ao lado) atuava num programa de rádio chamado “Trem da Alegria”, ao lado de Heber de Bôscoli e Iara Sales. Pela magreza, os três se apresentavam como o “Trio do Osso”.
Babo era exímio compositor de marchinhas de Carnaval e, entre 1943 e 45, compôs, lançou e gravou a “Marcha do Flamengo”. Ressalto aqui a divergência de datas de quando Lamartine criou a música em homenagem ao rubro-negro.
Mas o fato é que a tal marchinha colou e explodiu no Carnaval de 1945. Seus companheiros de rádio lançaram então, um desafio: lançar, semanalmente, um hino para os demais clubes que participavam do Campeonato Carioca.
Assim, depois do Flamengo, ele compôs os hinos não-oficiais de América, Bangu, Botafogo, Bonsucesso, Canto do Rio, Fluminense, Madureira, Olaria, São Cristóvão e Vasco.
Dessa forma, o ilustre torcedor do América garantiu também um lugar de honra na eternidade rubro-negra, já que sua marchinha é bem mais executada que o hino oficial e é trilha sonora em 100% das transmissões quando o rubro-negro levanta um título.
Marcha do Flamengo
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo
Flamengo sempre eu hei de ser
É meu maior prazer vê-lo brilhar
Seja na terra, seja no mar
Vencer, vencer, vencer!
Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer!
Na regata, ele me mata
Me maltrata, me arrebata
Que emoção no coração!
Consagrado no gramado
Sempre amado, o mais cotado
No Fla-Flu é o Ai, Jesus!
Eu teria um desgosto profundo
Se faltasse o Flamengo no mundo
Ele vibra, ele é fibra
Muita libra, já pesou
Flamengo até morrer eu sou!
Mascotes do Flamengo
Do Popeye…
O cartunista argentino Lorenzo Molas chegou ao Rio de Janeiro em meados dos anos 40, quando começou a trabalhar no extinto Jornal dos Sports.
Suas tiras divertiam os leitores, retratando os clubes cariocas com personagens que disputavam o coração da “Miss Campeonato”. Assim, o América ficou com o Diabo vermelho; já o Botafogo era representado pelo Pato Donald; o Fluminense, pelo Cartola Aristocrático; o Vasco pela figura do Almirante.
E o Flamengo? O rubro-negro era representado pelo marinheiro Popeye. Assim como o clube, o personagem também tinha ligação com as práticas náuticas e era conhecido por renascer mais forte e poderoso a partir das adversidades.
O Popeye caiu nas graças do público e foi associado como mascote do Flamengo até o fim da década de 60 e início de 70.
… ao Urubu!
Apesar de reconhecidos pelas torcidas, a verdade é que faltava um ar “original” aos mascotes idealizados por Molas.
Foi exatamente essa a proposta de Henrique de Souza Filho, também conhecido como Henfil. O irreverente cartunista mineiro resolveu trabalhar em novas mascotes, a partir de um recurso interessante: transformar a provocação dos adversários em símbolos de representatividade.
Dessa forma, o apelido “Urubu”, utilizado de forma racista e pejorativa pelas demais torcidas para denominar os torcedores do Flamengo virou mascote nos traços de Henfil.
A consagração definitiva do novo personagem veio num domingo de 1969, quando Flamengo e Botafogo se enfrentariam no Maracanã.
Na época, o Botafogo era o nosso maior rival e não perdia para o Fla há quatro longos anos. E como era de praxe, a torcida adversária gritava “urubu, urubu, urubu” como forma de ofender a Magnética.
Foi nesse cenário que a Nação Rubro-Negra realizou um dos maiores plot twists (reviravolta de enredo) da nossa história, soltando um urubu, com uma bandeira preta e vermelha presa em uma de suas patas.
Foi só o bicho entrar no gramado para fazer a Nação gritar: “é urubu, é urubu, é urubu”. Para completar, o Flamengo encerrou o jejum de vitórias e venceu o jogo por 2 a 1.
O Urubu, então, foi abraçado de vez como mascote do Mais Querido.
Flamengo e Maracanã, um casamento perfeito
A estreia oficial…
Oficialmente, a estreia do Flamengo no Maracanã aconteceu no dia 23 de julho de 1950, num amistoso contra o Bangu.
O Flamengo entrou em campo com Claudio, Juvenal, Bigode, Biguá, Bria, Valter, Aloísio, Arlindo,Hélio, Lero e Esquerdinha. A partida foi apitada pelo lendário juiz Mário Vianna e o rubro-negro venceu por 3 a 1, com dois gols de Aloísio e um de Lero.
E a estreia oficiosa 😉
No entanto, o primeiro contato entre o Fla e o Maraca aconteceu pouco antes, no dia 22 de junho daquele mesmo ano.
O Brasil estava a dois dias de sua primeira partida na Copa. E decidiu fazer um jogo-treino contra o Flamengo como preparação. Na arquibancada, estavam presentes apenas os operários que construíram o estádio e ainda trabalhavam no local dando os últimos arremates.
O fato é que, ao saberem que o treino era contra o Flamengo, os “penetras” começaram a torcer entusiasmadamente… pelo rubro-negro.
“A torcida do Flamengo vibrou com o Flamengo”, destacava a reportagem na edição número 6390 do extinto Jornal dos Sports.
Apesar do treino ter terminado 3 a 2 para a Seleção, o técnico Flávio Costa ficou revoltado porque a torcida do Flamengo apoiou o clube e não o Brasil.
Fosse hoje, caberia a pergunta: eu conto ou vocês contam?
O Flamengo é o meu país
Apenas cinco clubes já venceram a Seleção Brasileira em amistosos. O Flamengo é um deles. Em três partidas, o rubro-negro venceu todas.
A primeira delas ocorreu em 11 de maio de 1958, quando o Flamengo venceu por 1 a 0 (gol de Manuelzinho.
A segunda aconteceu no dia 02 de julho de 1972, contra a Seleção Olímpica do Brasil. Nova vitória por 1 a 0, dessa vez com gol de Caio.
A terceira vez aconteceu no dia 06 de outubro de 1976 e foi a mais marcante. Menos de dois meses antes, o Flamengo perdeu o craque Geraldo, morto de forma prematura num cirurgia para retirada das amígdalas.
Com 22 anos, Geraldo (conhecido como Assobiador) era apontado como uma das maiores promessas rubro-negras, junto com Zico.
O amistoso com o Brasil foi uma homenagem e também tinha finalidade de arrecadar fundos para a família do jogador. O Flamengo venceu com gols de Paulinho Carioca e Luís Cláudio.
Recorde de público no futebol
O recorde mundial de público em jogos partidas entre clubes foi registrado no Maracanã. E é claro que um desses clubes era o Flamengo.
No dia 15 de dezembro de 1963, 194.603 pessoas (das quais 177.020 eram pagantes) foram ao Maracanã para ver o Fla conquistar o Campeonato Carioca num empate sem gols contra o Fluminense.
O Maraca é nosso
Dos 11 jogos com maiores públicos do Maracanã, três envolveram a Seleção Brasileira. Os outros oito são de jogos do Flamengo (variando apenas o adversário).
Nosso, o Maraca sempre foi (e sempre será).